quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Tatuagem II

Noutro dia, noutra conversa, ela puxou novamente o assunto da tatuagem (a única de que ela tem conhecimento):

- Mas tu não és assim...

- Claro que sou assim! Se fiz é porque sou assim...

- A tua mãe não era assim... Ela não era dessas coisas...

- Mas sou eu!

- Mas isso são os marginais que usam, pessoas sujas, que não prestam, que só fazem mal à gente, que gostam do demónio... As pessoas vão pensar que gostas do demónio! (cara de nojo)

- Oh, Vó!!! Oh, Vó!!! Ó... Vó... Que parvoíce!!! Isso são preconceitos teus!!! Ninguém mais pensa assim, só tu!!!

Ao ouvir a palavra "preconceito", calou-se por uns momentos... Mas voltou à sua expressão de "cara de nojo" e suspirou:

- Ai, a Avó não gosta nada...

-Mas gosto eu! O corpo é meu, a vida minha, eu é que tenho de gostar! - rematei.

História Tatuagem I: http://sabedoriadavo.blogspot.pt/2015/07/tatuagem.html
Várias versões desta conversa, umas mais acesas que outras, vão se repetindo de tempos a tempos, quando ela se lembra. O que geralmente ocorre quando apanha um vislumbre da minha tatuagem. Assim, escondo-a o melhor que posso quando lá vou. Agora que vou casar em breve perguntou-me:

- Mas ele sabe? Ele vai gostar disso?

- Sim, gosta! Não é como tu...

- Ah... - pausa - Oh, eles agora no início gostam sempre de tudo, só p'ra agradar...

- Oh, Vó... - se tu soubesses a quantidade de tatuagens que ele tem... - Ele gosta, sim!

Sujo Na Perna

Certa tarde, apareço na avó de calças rasgadas...

Já aqui escrevi o que a avó pensa das calças rasgadas, mas eu continuo a usá-las quando lá vou. Penso que se ela tiver uma exposição constante, irá habituar-se a elas e deixar de fazer cara feia. Confesso que o processo me dá um certo prazer... Será que devia? Enfim...

A história das calças rasgadas: http://sabedoriadavo.blogspot.pt/2016/10/calcas-rasgadas.html

Aconteceu que, nessa tarde, esqueci-me de um pequeno, grande pormenor... Eu tinha uma nova tatuagem na perna... Tão nova, que me esqueci dela... E ali estava eu de calças rasgadas à frente da avó... Só me apercebi do lapso quando esta interrompe o que ia a dizer para perguntar:

- O que é isso? Tens aí um sujo na perna? - ao mesmo tempo que começou a deslocar-se na minha direção para ver melhor...

Instintivamente tapei o rasgão das calças com um saco que tinha na mão, como se estivesse num daqueles pesadelos, onde de repente nos apercebemos que estamos nús; disse que já estava atrasada (mentira) e fugi dali antes que ela tivesse tempo de pensar. O meu desejo era correr, mas tinha de disfarçar e então, com todo o autocontrolo que pude juntar, andei apenas num passo pouco mais acelerado do que o normal. Sentia-me num daqueles outros pesadelos, em que estamos a correr em pânico, mas por mais que nos esforcemos, não saímos do mesmo sítio.

Finalmente cheguei aos portões da rua, sempre fechados a sete cadeados (sim, cadeados com corrente e tudo; ler a história Portas em http://sabedoriadavo.blogspot.pt/2016/02/portas.html).

O próximo desafio foi procurar as chaves na minha mala de mulher e encontrar aquela chave que me libertaria...


E como naquele outro tipo de pesadelos, onde não vemos, mas sentimos o perigo cada vez mais próximo, eu sentia a minha Aa caminhar atrás de mim... Lentamente... Sempre no mesmo passo... A cada segundo mais próxima! E as chaves certas que não apareciam! Até já estava de joelhos, como que a suplicar aos Deuses...

Deuses esses que devem ter Avós, pois atenderam à minha súplica e, tal como nos filmes, na hora H lá consegui abrir os portões do Inferno. Com as chaves do carro já na mão (meus ricos Deuses), meti-me imediatamente lá dentro e segui rumo ao Olimpo. Sim, porque depois desta experiência qualquer local para onde fosse, seria o Paraíso.

Já passei pela experiência do "sujo no pescoço" com a Avó e foi um passo muito grande para ela...

História Tatuagem II: http://sabedoriadavo.blogspot.pt/2016/12/tatuagem-ii.html
Temos de começar com coisas mais pequenas como as calças rasgadas. O próximo passo talvez seja um piercing na orelha, ou um cabelo diferente...

Última foto do Capitão Sparrow em vida. Causa de morte: o capitão apareceu na Avó com tatuagens, piercings, rastas, roupa rasgada, "pinturas na cara", entre outras coisas do demónio. A Avó chamou as vizinhas, formando assim um exército para exorcizar o demónio.



domingo, 25 de dezembro de 2016

Especial de Natal - 2016


Na semana passada, andei uma tarde inteira às voltas no shopping a pensar no que lhes poderia dar. Algo que precisassem e que usassem de verdade... Comprar uma prenda ao avô é fácil! Ele gosta de tudo, está sempre tudo bem e tudo lhe serve! A Avó já é outra história...  Alguns quilómetros depois, lá faço a minha escolha...

Seja o que Deus quiser! Eu tentei! - pensava eu para os meus botões.

Dia 23 de Dezembro, antes de partir de fim-de-semana, entrego os presentes da Natal à Avó:

- Oh filha, não era preciso... - com um sorriso de orelha a orelha, que surge apenas quando acrescento que o meu irmão (o neto preferido), também ajudou. Pensei que assim talvez usasse mesmo as coisas, em vez de ficarem ad eternum algures na garagem...

- Como disseste que ias passar o Natal fora, a avó não te comprou nada... - algures aqui a minha poker face deve ter fraquejado, porque ela acrescentou - A avó dá-te dinheiro.

Primeiro: "Obrigada" pelo que me toca... Estou a sentir o "Amor"...
Segundo: Claro que aceito o dinheiro, não é! Dá sempre jeito...
Terceiro: Melhor dinheiro, do que uma prenda da garagem, cheia de pó desde há 30 ou mais anos para cá... O que me remete para o próximo ponto...
Quarto: Mas qual "comprar"?! A Avó oferece sempre uma coisa do seu armazém "garagem", activo há décadas, mas sem renovação de stock; ou dinheiro... Não há "comprar"!
Quinto e último: Como é que eu lhe respondo, sem no entanto, lhe mostrar todo o "Amor" que estou a sentir agora? Ah, claro...

- Oh Vó, não é preciso... - tal como ela...

- Oh, não era preciso...  - quando chega a casa decide que não gosta e enfia-o na garagem. Com sorte é reciclado como presente para outro alguém da família.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Soluços

Quando estás com soluços e a tua avó mete aquele sorriso trocista e pergunta:

- É um sapinho que está aí? - E ri-se!

Oh Vó, pleaseeeeee..... Já não tenho 5 anos!


Mas não fica por aí! Depois vêm as teorias:

- Tens de beber 7 golinhos de água!
- Tens de prender a respiração!

E começa a tentar assustar-me, gritando Buuuuuu no meio de uma conversa normal ou quando pensa que eu não sei que ela está atrás de mim.

Ela diverte-se assim...



Raspadinhas

Um dia destes fui com a avó "buscar o correio". Quando está a voltar para o carro diz-me:

- A avó vai só ali comprar o jornal p'ro avô, 'tá bem?

Ok, tudo bem, não tinha pressa de ir a lado nenhum e fiquei no carro à espera...

À espera... À espera... À espera...

Estava estacionada mesmo em frente ao quiosque e não me pareceu ter visto muita gente lá dentro...
Porque raio está a demorar tanto tempo para comprar um jornal?! Opah, não me digas que se meteu na conversa com alguém...

Dito isto, lá vem ela sorridente com o jornal e...

Raspadinhas! 

Aproveitou-se que o avô ficou em casa! O avô não gosta de esperar... Ah! Raspadinhas! Isso não tem nada! - diria ele.


Manteiga Fácil de Barrar

Outrora não havia cá manteiga "fácil de barrar"... Deixava-se no frigorífico e no dia a seguir estava uma pedra! Difícil de barrar na torradinha que ou acabava por ficar toda esburacada e com pedaços de manteiga aqui e ali.

Então o avô deixou de meter a manteiga no frigorífico.

- Mas fica rançosa!

- Ah! Fica nada...

Hoje apareceram as manteigas "fácil de barrar" que a avó compra sempre. Mas o avô não confia cá nisso... Deixa sempre a manteiga de fora, a ponto de se tornar líquida!

- É assim que ele gosta!

Hoje a avó compra sempre duas. Uma para o avô fazer como quiser, e outra para ela e para quando a neta lá vai visitar.

Ninguém se chateia.


domingo, 16 de outubro de 2016

Isso é uma carraça?

- Isso é uma carraça que tens na orelha?

Bem... Eu oiço isto e entro em pânico, já a pensar em febre da carraça! Como pseudo-veterinária, facilmente poderia ter apanhado uma carraça...

- Tira, tira, tira!!! 

Raspa, raspa, raspa, esfrega, esfrega, esfrega...

Vai buscar álcool... Raspa, raspa... Esfrega, esfrega...

Eu a desesperar com a demora...

- Váááááá!!!

No fim diz ela:

- Ah não sai!!! Será um sinal que tens aí? 

Era só um sinal!!!!!!!


Não queres comer, não comas!

Como bem sabemos, a avó adora enfiar-nos comida pela goela abaixo! O mais que puder! Quando recusas ela fica muito ofendida e diz:

- Não queres comer, não comas!

Mas di-lo naquele tom especial que na verdade diz:

Não comes, morres!

Aprendemos logo desde pequenos com a avó, que nem sempre o que os adultos dizem é mesmo o que eles querem dizer.

No entanto, conselho meu, não cedas ao tom ameaçador, sê forte! Pois se dás mais uma dentada que seja para "fazer o favor", ela vai encher-te o prato todo! Para a avó não há "só mais um bocadinho"... É logo tudo! Se for preciso até tira comida do prato do avô para te dar a ti! Coitadinho do avô...

Uma coisa é certa, na avó ninguém passa fome! :)


Não gostas d'Avó

Se não estás presente, ou seja, a prestar atenção às cusquices, teorias e afins, ou se há algo que a avó pede e fazes cara feia, ela tem uma forma muito eficaz de contornar a situação.

Numa palavra: culpa.

Para isso utiliza umas destas variantes mais soft:
Nunca ouves o que a avó te diz;
Nunca ouves os conselhos que a avó te dá;
Não me ligas nenhuma;

Ou a tradicional e mais eficaz, geralmente reservada para quando as outras não surtem o efeito desejado:
Não gostas d'Avó.



Calças rasgadas

-Oh filha... Então tu agora andas com as calças rasgadas? Mas são mesmo assim? Agora é moda? Já se compram as calças assim? Ah, eu acho tão feio... Isso no meu tempo há 50... 60... 70 anos atrás era sujo, mal visto, porco, feio... (sê criativo com os adjetivos à vontade)... Não queres que avó meta um remendo por baixo?


terça-feira, 4 de outubro de 2016

Aos primeiros dias de Sol

- 'Tás muito BRANCA!!! 'Tás DOENTE?!? - pergunta a avó com ar dramático...

- NÃO! Eu SOU branca!!! O Sol só apareceu agora... Como é que eu não havia de estar branca?! - responde a neta desesperada...

- Tens de apanhar Sol, filha. Tem vitamina E ou B ou D, não sei... Tu é que sabes essas coisas melhor que eu...

Diz isto mas depois nunca me deixa andar ao Sol:

Filha, sai do Sol que faz mal! 

Peripécias dos animais (II)

Parece que a Brownie, a minha cadela, quis ajudar a avó a apanhar batatas:

- Ai, sabes o quê que a tua cadela me fez? Arrancou-me batatas a fazer buracos! Estavam as batatas todas arranhadas! - contava a avó às gargalhadas.

Nada como um cão para tornar os dias mais interessantes.

É bem possível no quintal da Avó!



Peripécias dos animais (I)

A minha avó adora contar peripécias dos animais... Parece que a minha cadela e o gato dela formam uma espécie de equipa:

- A Brownie faz os buracos, o Cuca faz xixi e tapa!


Avião e algodão nos ouvidos

A avó é do tempo em que se usava algodão nos ouvidos para ajudar com a mudança de pressão nos ouvidos... Ou então se pensava...
A avó leva sempre algodão com ela e diz ao avô para meter também, para os ouvidos não rebentarem! Não interessa se mais ninguém usa, se o próprio filho lhe diz que "não é preciso nada disso"... Ela é que sabe!



Já faz alguns anos, mas sempre que ando de avião lembro-me deste pequeno episódio.


Onde anda o Avô?

O avô de vez em quando escapulida-se e a avó desconfiada, manda a neta espiar o avô...

A neta acaba por encontrar o avô escondido na adega a beber o seu copinho de vinho!

A avó não fica nada contente com o avô...

Pobre do avô, já nem na adega pode beber o seu copinho à vontade... Duas contra um não vale! Todos precisamos de um tempinho só nosso afinal!



(Esta história foi cedida por uma fã do blog)

(A imagem não é do avô envolvido)

Cobra com pêlos

Não faço ideia de como uma conversa pode chegar a "cobra com pêlos", que segundo a avó come pessoas! "É verídico!" - diz ela!

Eu digo:
Meu Deus...

Será que a avó fala de um híbrido de Yeti?


(Esta história foi-nos cedida por uma fã do blog)

PayStation

Pay-Station... Porque temos de pagar (pay) para jogar...

A avó não fala inglês, mas sem saber tem razão...

Faz sentido...

(Esta história foi-nos cedida por uma fã do blog)

Friorífico

Frio-rífico... Percebem? Porque faz frio...

Faz sentido!

Friorífico!
(Esta história foi-nos cedida por uma fã do blog)

O tabuleiro sujo

No café do continente:

- Não te sentes ainda!

- Porquê?

Uma mesa tinha acabado de ficar livre, mas os dois homens que saíram deixaram o tabuleiro na mesa. Não percebi porque não nos podíamos sentar... Que mal tinha?

- Não é bom...

Foi tudo o que disse e afastou-se com o tabuleiro...

Só depois de se desfazer dele, é que se sentou na mesa.

Continuei sem entender a sua reação, mas não disse nada e, agora que já podia, sentei-me também.

Um café qualquer, algures, com tabuleiros na mesa...



Bacia no lava-loiça

O lava-loiça já é, de certa forma, uma bacia... E tem uma tampa... Porquê então colocar uma bacia dentro do lava-loiça onde vai lavar a loiça?



Ora para regar as plantas claro! Vai com detergente e tudo, não faz mal! Há que preservar a água ao máximo!


Cinta

- Tens de apertar a barriga, que com o tempo fica p'ra dentro! Não queres uma cinta como a avó?

Nisto levanta a blusa e mostra-me a dela...

NÃO VÓ!!!! NÃO QUERO UMA CINTA!!!! - Apetece-me gritar horrorizada, mas "torço o meu pâncreas" e com muito self control digo apenas que "não..." e "deixa a minha barriga em paz"... A não ser que ela insista muito...

Ela é muito insistente...


Tão insistente que já me comprou umas duas ou três... 



Telemóvel (parte II)

O telefone toca.

Com sorte está por perto, com mais sorte está ao pescoço com um fio, ou no bolso...

Demora um bocadinho a atender mas quem está do outro lado sabe que tem de deixar tocar...

Se não atender já sabemos que no próximo telefonema vai dizer que precisa de um telefone novo...

Se atender, há que ter o reflexo de afastar imediatamente o telefone!

Atende sempre com um grande "Estou sim" que ensurdece, mas um sorriso que se ouve do outro lado...



Alíás, com a avó pode ter-se a conversa toda sem altifalante... 

Telemóvel (parte I)

- A avó precisa de um telefone novo! Este não se ouve!

Mas os novos são uma chatice e avó não percebe nada, mexe no ecrã e desmancha tudo! E a bateria não aguenta nada, leva UM dia!


Então volta ao velho, com uma bateria que aguenta uma semana... Mas tenho de o meter mais alto...

Confirmar que está no "Perfil Exterior", e lá corremos os toques todos outra vez para ver qual o mais alto...

- Ah esse assim está bom! Não mexas mais!


Uns dias depois voltamos ao mesmo...

- Preciso de um telefone novo! Este não dá!



O avô reclamava sempre:

- Porquê que vocemecê não anda sempre com isso no bolso?!

Mas agora é ele que não ouve... Fica na sua cadeira entretido a ler o jornal enquanto o telemóvel toca...

sábado, 2 de abril de 2016

Primeiro "Brownie", o "Lidl" e agora "Clovis"...

- Como está o... Kive... kivi... ki... k... ki...ven... kiven...kevin...? O...? O...? Ai...

- Clovis...

- C...vis... Como?

- Clo...vis...

- C... Ai não sei dizer...

- Clou...vis...

- C... viz... Ai, a avó não consegue dizer...

- É como Clóvis, mas com o "O" é mais fechado... Clô-vis...

- Ah, Clóvis! Ok! Está bem!

- Sim... Pronto, isso... ClÓvis... É parecido...

Whatever... Amanhã já o chama KIVI outra vez...


Sempre em frente...

- É sempre em frente...

(Cruzamento)

- É para virar aqui?
- Não, é sempre em frente.

(Cruzamento)

- É nesta?
- Não é sempre em frente, quando for para virar eu digo...

(Cruzamento)

- É aqui, né?


(NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÕOOOOOOO!!!!!! Que parte de "é sempre em frente" ainda não percebeu?! Controla-te... Engole... Respira fundo... Calma...)


- Não.



Era uma vez dois pardais...

Um dia digiro-me ao lavatório da cozinha em casa dos meus avós e, perante aquela imagem repentina, dou um salto para trás enquanto gemo de nojo...

Não estava à espera daquilo...

- O que foi?

- "O que foi"?! Estão dois pássaros mortos no lavatório!!!

- Ah, esqueci-me que isso estava aí... O teu avó gosta de apanhar pardais e depená-los para dar ao gato.

Assim, como se fosse a coisa mais normal do mundo!

Como assim?!

Avó, a copiloto

O Avô conduz, mas quem diz para onde, quando parar, quando avançar, quando virar, em que faixa circular, que buraco da estrada evitar, que saída tomar... É a Avó!

Porquê?

Porque "ele já não vira o pescoço" e tem de ser ela a ver por ele...

Porquê que não é ela a conduzir?

Porque ele não deixa...

Porquê que ele não deixa?

Porque ela não sabe meter mudanças...


A solução parece simples, mas cá para mim é mais uma "cena de macho"... A necessidade de ser capaz de fazer qualquer coisa que ela não pode... Afinal ela controla tudo o resto! Até a condução dele!

Então andam assim... Conduzem a dois...

E eu no banco de trás a rezar!!!

Quando a avó se esquece da embraiagem...


Cusquices

Aquele momento em que vocês percebem que aquela "velha à janela" a coscuvilhar a vida dos outros com as vizinhas...

É a vossa Avó...

E que ela vos está a tentar transformar numa das vizinhas...

Ajuda...?
- Sabes o quê que a fulana X me contou?

Avó, a RP

Já repararam que quando perguntam alguma coisa ao avô, é a avó que responde por ele? SEMPRE!

Ele nem tem tempo de dizer o que quer que seja... Ele já nem tenta...

Mas segundo a Avó quem manda lá em casa é o Avô...

Pois, está bem... Vou dizer que acredito...


Já repararam também que quando encontram as amigas da Avó, ela também fala por vocês?

Vocês nem têm tempo de pensar no que vão dizer...


Nesses momentos olho para o Avô e penso... Tu é que sabes! Nem vale a pena mesmo... Deixa-a falar e não te rales...


RP profissional

Diminutivos

Para a avó, tudo que leva diminutivo faz menos mal... Ou nem faz mal nenhum! Independentemente da quantidade... Independentemente do médico desaconselhar ou não, porque é só um bocadinho... É muito poucoxinho, não chega lá o:

- Pãozinho
- Pastelinho
- Bolinho
- Cozidinho
- Carapauzinho frito
- Chocolatinho
- Bolachinha
- Batatinha frita

Estão a ver?


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Os irmãos

- Eu sempre fui muito amiga do meu irmão, davamo-nos muito bem! Também era amiga da minha irmã, mas com o meu irmão era mais... A minha irmã batia-me! Ela era muito mandona! Queria que eu fizesse isto e aquilo, mas eu não estava para isso! O meu irmão era bom para mim, nunca me batia. Sou madrinha de casamento dele e tudo, sabias? Ele era diferente, pronto... Mas também gostava da minha irmã!

Em qualquer geração, as relações entre irmãos são sempre assim.

(Fotografia não é real)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Neta nova na aldeia

Algo me diz que isto de viver numa aldeia me vai trazer muitas histórias! Esta aldeia podia chamar-se aldeia das avós!

Primeiro toda a gente olha para mim! E quando digo "toda a gente" é mesmo TODA a gente! Até os miúdos mais pequeninos! Cumprimentam-me sempre é verdade, mas sempre com uma mistura de desconfiança e curiosidade... E algumas com confusão também. Penso para mim que, provavelmente, estarão a tentar perceber de quem serei neta. Pelo menos assim espero que seja!

Segundo, até hoje, estiveram cá em casa exactamente três homens. O meu sexto sentido diz-me que as vizinhas já pensam que são todos meus amantes... Será?

Que mais irá acontecer a partir de agora?

As avós da minha aldeia (a fotografia não é real, obviamente)

Missa de Domingo

- Estou à tua espera desde a missa!
- ???

Pergunta:

É suposto eu saber a que horas começa e acaba a missa?

Nunca ouvi ninguém utilizar a missa como unidade de tempo... Até agora!

Desde a missa? Isso são quantas horas?

Virus Zika

- Agora não se pode ter bebés! Já viste isto? Falam todos os dias nas notícias! Dizem que se transmite... Via sexual...
- Sim, mas isso é mais na América do Sul...
- E agora nos Estados Unidos!
- Sim, mas isso são pessoas que viajaram para a América do Sul e voltaram de lá com vírus...
- Agora não se pode ter bebés! Nascem assim com... Cef... Cefalia... Qualquer coisa "falia"...
- (Nem me ouviu para variar...) Microcefalia. Cefalia quer dizer cabeça, encéfalo...
- Cérebro! - diz ela muito prontamente, como se se tivesse lembrado de repente e eu não tivesse dito nada.
- Sim, nascem com o cérebro pequeno... - disse eu calmamente, enquanto o meu cérebro de veterinária se contorcia todo perante a palavra.
- Coitadinhos! Agora não se pode ter bebés!
- Sim... - disse eu calmamente, enquanto o meu estômago borbulhava por ela nem sequer me prestar atenção!

Quando ela não me ouve, o melhor é dizer sempre que sim...

Mais tarde voltei a tentar-lhe explicar onde ficam os Estados Unidos... Acho que vou ter de desistir!

Localização do vírus Zika atualmente, segundo a CDC. Mostro-vos isto para não serem como a avó! ;)


Divórcio é coisa de malucas

Situação:
Marido trai mulher, mulher descobre e quer divórcio.

- Ela é maluca, não sabes?
- Oh, Vó não é nada maluca!
- É, É! A avó dela era maluca! Estava internada no manicómio e tudo!
- Oh, mas isso não tem nada a ver! Lá por a avó ser maluca, não quer dizer que ela também seja!
- É sim! Está nos genes não sabes? Isso passa-se! E o irmão dela parece que também é maluco... Tem depressão ou assim?
- Sim, depressão, mas isso não é ser maluco.
- Eu acho que ele deve é ser homosexual!
- Bem... Pode ser homosexual e ter depressão...

E ficámos por aqui...

A minha avó ainda é do tempo em que o divórcio era culpa da mulher e argumentar contra isso, neste caso, já não leva a lado nenhum.

Enfim, coitada da dita mulher!

Quer-se divorciar do marido! Deve ser é maluca!

O sexo dos animais

A avó troca sempre o sexo dos animais! O gato dela chama-se Cuca (ideia do meu irmão em homenagem à cerveja) e ela trata-o como se fosse uma gatinha e até lhe meteu uma coleira rosa! Até porque como já não tem "tim-tins" é como se fosse menina... Com a minha cadela, teima em trata-la no masculino, O brownie, O cão... 
Isto torna-se muito confuso quando ela começa a contar um episódio entre gato e cadela, utilizando apenas os pronomes Ele e Ela... Então Ela morde e arranha, Ele tem muito respeito por Ela e chora quando Ela não O deixa passar, Ela faz-lhe "espias", Ela sobe para a cama deles à noite e "pica" os pés, Ele sobe para o sofá, mas Ela tira-o às "chapadinhas", correm um atrás do outro, mas depois Ela sobe para o telhado... 

E eu a pensar:
O quê? A cadela no telhado?! Ah, espera...


Portas

Há um problema com portas que eu não percebo... À noite estão trancadas a sete chaves e com mais sete cadeados. De dia ficam escancaradas por onde quer que passem... A sorte é que a minha cadela não foge!


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Provérbios em Mímica

Este Natal fui visitar a minha avó e tios e apresentar também o meu namorado americano que cá estava de visita.

A dada altura saio da sala por uns momentos e quando volto está tudo a chorar a rir!

O que aconteceu?

Ora, foi a avó...

A avó estava a conversar com o meu namorado, a propósito dos tantos quilómetros que nos separam. Ela dizia que "quem corre por gosto não cansa".

Como ele não a entendia, começou a fazer mímica: o gesto de correr, a expressão de gostar e, uma respiração ofegante de cansaço...

Estão a imaginar uma avó de 90 anos a fazer mímica?

Ele só se ria, tal como os outros na sala, mas continuava sem perceber nada.

A minha avó bem que queria conversar com ele mas, como não estava a resultar, acabou por desistir:

- Sabes inglês, eu não, não temos mais conversa.

o namorado

A palavra de um estranho vale mais

A avó nunca acredita no que eu lhe digo. Mas se for um completo estranho a dizer-lhe a mesma coisa já acredita!

Dá para entender?


Roupa

Vivo numa casa sem máquina de lavar roupa ou de secar então, utilizo a lavandaria na casa do meu tio onde, sempre que posso, passo os fins-de-semana.
Ora a minha avó insistiu para eu não fazer isso, de modo a não dar mais trabalho à empregada dos meus tios... Eu expliquei-lhe que era eu mesma quem lavava, que não incomodava ninguém... Mas ela tanto insistiu que eu da próxima vez deixasse a roupa na casa dela, que ela mesma a lavaria na sua máquina, que eu assim o fiz.

Quando apareço com a roupa a primeira coisa que me pergunta é porquê que eu não lavei no tio!

Dá para entender?


Escova de cabelo

Esta história é de uma avó que não me pertence, mas aconteceu comigo. Esta avó
é muito fina e se me permitem... Um tanto... Snob...

Dei pela minha escova fora do sítio... Odeio que usem a minha escova de cabelo, principalmente sem autorização e então levo-a comigo para o quarto. Nisto cruzo-me com a avó que se descose em elogios à minha escova de cabelo. Logo ela que deve ter mil e uma escovas todas xpto! Com raiva digo apenas "é do continente" enquanto me vou embora dali. Disse-lhe que era do continente porque é verdade e depois para lhe mostrar que essa escova tão boa que ela descrevia é na verdade "escova de pobre". Com sorte não lhe pegaria de novo se a ocasião se proporcionasse.


Internet

Aos 90 anos a minha avó sabe muito bem o que é a internet! Eis a sua explicação:

- Internet é aquele quadrado onde vocês (gesto de teclar ao computador)... Passam horas nisso e não fazem nada.

Ora aí está! Confere!


Misturas de álcool

No jantar de Natal passei de uma Somersby para um Gin e claro que a avó que controla tudo o que eu meto à boca estava lá para ver:

- Essas misturas fazem mal, podes ficar doente!

Oh Vó, se tu soubesses...


Está grávida?

Esta é um clássico que nunca pensei vir (quase) a acontecer...
A minha avó um dia pergunta-me se uma nossa conhecida está grávida. Imediatamente entro em pânico:

- Nãããããããããããããão!!!! Está só gorda mesmo, não lhe perguntes isso!!!!
- Não digo?
- NÃO!!!

Perigo de humilhação social controlado! Phew!


Como funciona a mente de uma avó

A mente da avó pode parecer complexa, por vezes diz e faz coisas sem sentido, mas na verdade é bastante simples. Ela rege-se por uma lei apenas: a lei de Murphy!

Onde quer que eu vá, seja longe ou perto, quer eu vá a pé, de carro ou de avião, assim que me deixa de ver, tudo o que pode acontecer de mal, na sua mente já aconteceu! Se se passarem alguns dias então as hipóteses de ter morrido à fome ou ao frio também são adicionadas à lista. Se arranjo um namorado novo, na sua mente ele já é um psicopata carregado de doenças sexualmente transmissíveis!

Estão a ver a ideia?

Deve ser exaustivo ter uma mente assim!

E o pior? 

Um dia tornamo-nos nessa avó! 

Lei de Murphy: se alguma coisa pode dar errado, dará.

"Vespra"

A avó diz "vespra" quando quer dizer "vespa", porque "vespa" são as motas!

vespa


"vespra"