terça-feira, 27 de junho de 2017

O Rei Lá De Casa

A Avó tem um daqueles gatos em que não se pode tocar. Para dar uma festinha, tem de ser à velocidade da luz, antes que ele se aperceba do que aconteceu... Ele é o rei lá de casa e manda nos donos à base da porrada... Morde, arranha, "pica com as unhas" e tem tudo o que quer: o lugar no sofá que lhe apetece (o do avô), a comida que lhe apetece (a nossa), o lugar na cama que lhe apetece (o d'Avó), até tem direito a um lugar à mesa (no chão com um pratinho -  o dele)... Tudo o que a majestade deseja!

No outro dia estava a fazer o meu almoço (tarde) e oiço esta conversa pela janela (que dá para o quintal):

- Ai! Não me piques! Não é para ti! Não te vou dar nada, nem penses! Não, aqui é só de manhã... Tens ali tantas bolinhas! Vai comer as tuas bolinhas! Não me mordas! Ai!

Entra na cozinha:

- Já viste isto? Atacou-me o gajo! Ando sempre com as pernas negras por causa dele! Tenho de me zangar com ele!

Depois de cuscar aquilo que estou a cozinhar, volta para o quintal e, uns minutos depois oiço novamente pela janela:

- A dona vai dar qualquer coisa ao meu menino, pr'a ele não ficar zangado! - na sua voz carinhosa e esganiçada, reservada para os animais.

Como te atreves a dizer-me que não?!

terça-feira, 6 de junho de 2017

Cogumelos

A avó não come cogumelos porque são venenosos.

Assim que se toca no assunto, menciona logo aquele homem ou mulher que morreu por comer cogumelos...

Já lhe expliquei uma data de vezes que isso são cogumelos selvagens, que as pessoas apanham na mata sem saberem o que estão a fazer; que os do supermercado não são venenosos... Mas não funciona.

Não funciona, porque o tal homem ou mulher morreu por comer cogumelos.
Não funciona, porque mudar de opinião é uma coisa que não acontece.
Não funciona, porque agarra-se a essa história, a esse medo, com mais força.
Não funciona, porque contra crenças não há argumentos.
Não funciona, porque realmente há pessoas que morrem por comer cogumelos (selvagens) a reforçar essa crença.

E essa crença diz-lhe que todos os cogumelos matam.


Estes podem-se comer...

Chá Lúcia Lima ou Doce Lima ou Bela Luísa ou Erva Luísa

"Chá Doce Lima ou Bela Luísa - Maio 2017"

Era isso que deveria dizer a etiqueta, mas velhos hábitos são difíceis de mudar... São muitos anos (quase toda a sua vida) a dizer "Docielima" e "19....". Esta etiqueta fez-me perceber bem a diferença entre as nossas gerações! Para o resto da minha vida, eu hei-de escrever "20....", mas ela viveu o virar do século! Ela escreve as palavras como as diz porque só tem a 4ª classe, embora anos de experiência com palavras cruzadas! Eu tive uma educação completa.

Ao mesmo tempo, não pude deixar de sorrir e partilhar aqui a sua inocência, estampada nesta etiqueta:


domingo, 9 de abril de 2017

Óculos

A Avó nunca gosta dos óculos novos e rapidamente os troca pelo par anterior, mesmo que a graduação seja diferente. Não faz sentido...

A Avó diz que não gosta deste óculos grandes que andam agora na moda... Acontece que antigamente, ela usava esses óculos grandes! Não faz sentido...

Não há um par de óculos de sol que a Avó goste de ver em alguém. Para ela são todos feios e fazem "olhos de mosca". Olhando para algumas pessoas, faz sentido... Excepto quando é contigo e tu passaste uma hora na loja até aquele par perfeito...



Brufen Dá Menstruação

- Esses comprimidos que estás a tomar p'ros dentes faz vir o período, sabias?

Eu não acreditei nela e, para provar que tinha razão, a Avó chamou a vizinha. Esta confirmou-me a história. Aconteceu à filha quando também tirou os sisos e precisou de tomar esses comprimidos. Foi o dentista que lhe disse que era comum...

Não encontrei provas na internet, e como uso contraceptivo, continuo a achar que foi só uma simples coincidência...

Né?


sexta-feira, 31 de março de 2017

Tablet

Estou de partida para fora do país e pensei que seria boa ideia ensinar a Avó a usar o Skype, no tablet. Tem corrido bem, até porque o tablet só tem o icone do Skype no ecrã principal. Não há que enganar... Ainda assim tenho de lhe dizer sempre para carregar no "S"!

Existem 5 passos:

1. Ligar o ecrã... Nunca vi ninguém a falhar um botão tanta vez...
2. Desbloquear o ecrã... Basta carregar no cadeado e deslizar para o lado. Ela esquece-se sempre do deslizar, mas depois nos passos seguintes quer deslizar sempre que é para carregar em qualquer coisa...
3. Carregar no "S"... Ela carrega sempre com demasiada força ou por demasiado tempo o que, ou não surte efeito, ou abre outras opções.
4. Carregar no nome da pessoa com quer falar... Aqui há novamente o desafio de ajustar a pressão do dedo e o tempo do pressionar...
5. Carregar na câmara de filmar... O desafio anterior mantém-se...

No outro dia, carregou sem querer no sítio das mensagens de texto do skype e quis aprender. Levou o seu tempo a escrever o que queria, procurando as letras no teclado. Sempre com o desafio do "carregar" associado. Depois disse-lhe que tinha de carregar no aviãozinho... Ela gostou disso, nunca se esquecia do aviãozinho! Por uns minutos andou nisso e eu pensava que estava a correr super bem... Até que me pergunta:

- Agora como é que envio?
- Então? Já está! Quando carregas no aviãozinho já estás a enviar!
- Ah! Ai sim? - Disse ela muito espantada!
- Sim! É instantêneo... São chamadas "mensagens instantâneas"... Assim que carregas no aviãozinho já está!
- Ah, e como é que apago isto? - disse ela apontando para a conversa que tinha iniciado...
- Não apagas... Isso são as mensagens que enviaste.
- Ah, não posso apagar?
- Não Vó... Ficam aí... Para sempre...
- Ah... - e entra em modo pensativo.

- Mas não precisas de nada disto! Basta carregares na câmara de filmar e falar! Não tens de saber escrever mensagens... Fixa só o resto.
- Ah 'tá bem... Tenho de escrever os passos num papelinho p'ra não me esquecer...

- E queres que te deixe a minha internet ou usas a da vizinha?
. Eu não tenho internet aqui!
- Sim, mas eu tenho! Deixava-te a minha...
- Ah, eu vou à vizinha que elas sabem mexer nestas coisas... Como é que isto se chama?
- Tablet.
- Aaah! Isto é que é a tablete?!

Clássico! - pensei eu. É claro que ela é uma dessas pessoas que diz "tablete"! Mas controlei-me e não corrigi. Ela estava demasiado contente por, finalmente, descobrir o que era "a tablete".


segunda-feira, 20 de março de 2017

Número de Telefone do Quarto

Há dias estava a tentar acordar o meu irmão, para um almoço de família, sem sucesso. Um almoço para celebrar o meu aniversário!

Intimidada, entrei mesmo no hotel onde ele estava hospedado e pedi para lhe ligarem para o quarto... Mas nada... Desesperada, fiz aquilo que estava há duas horas a evitar:

Telefonei à avó!

O número para o qual ligava estava desligado, mas podia dar-se o caso de ter o número errado. Assim pedi à avó que ligasse para o número pelo qual o meu irmão lhe tinha telefonado. Pensando ao mesmo tempo, se ela saberia ir às chamadas recebidas fazer isso... Mais tarde confirmei que não. A Avó telefonou a todos os números que tinha com o nome do meu irmão, sendo que numa dessas chamadas, atendeu-lhe um senhor da força aérea em Angola...

A Avó perguntou-me, com uma voz muito preocupada e dramática, se o meu irmão estaria doente...

Eu que já estava a fervilhar por dentro, com fome, sono, boca anestesiada do dentista, o facto de me sentir estúpida por ter de esperar na recepção de um hotel chiquérrimo até que conseguissem falar com ele, rodeada de ricos cheios de mania que me irritavam só por entrarem no hotel, quanto mais quando abriam a boca. E eu ali completamente fora de contexto no meio dessa gente, e depois de levar com uma pergunta do tipo "já tentou telefonar-lhe para o telemóvel?" em que tive de disfarçar a minha expressão facial traiçoeira e controlar um guturesco "DUH!" proveniente do fundo da minha alma... Não estava com paciência nenhuma para os filmes da avó (para compreenderem melhor, re-leiam http://sabedoriadavo.blogspot.pt/2016/02/como-funciona-mente-de-uma-avo.html) e não me contive mais:

- NÃO, VÓÓÓÓÒ!!!!! ELE ESTÁ É A DORMIR!!!! JÁ ESTOU HÁ DUAS HORAS A TENTAR TELEFONAR-LHE, JÁ ESTOU NO HOTEL HÁ UMA HORA, JÁ PEDI PARA LHE TELEFONAREM PARA O QUARTO DUAS VEZES... E NADA!!! ELE ESTÁ A DORMIR E NÃO OUVE! - isto controlando o volume da voz para não assustar as avestruzes, mas já não escondendo a minha cara profundamente irritada.

- Ah, tens de me dar esse número do quarto... Aí do hotel...

Nesse momento, fiquei incrivelmente calma, compreendendo que ela não fazia ideia de como as coisas funcionam... Respirei, fingi que não tinha ouvido e repeti que eu estava no hotel, que já tinham ligado para o quarto dele da recepção, mas que ele não atendeu. Que não, eles não podiam ir lá com a chave, que não podem fazer isso! Que é contra a lei! Que não, não conheço os colegas de trabalho dele, para lhes pedir para irem lá bater à porta...

Só que ela insistiu:

- Qual o número de telefone do quarto dele?



Já não me lembro o que respondi, mas ainda estava imersa naquela calma... A calma que vem quando o cérebro diz "Desisto! Não dá mais!"...  A calma antes da tempestade... E iria trovejar em cima do meu irmão, assim que lhe metesse os olhos em cima!

- Então tu matas o teu irmão?! - trouçou a Avó, quando lhe informei do meu plano...

Felizmente, não tardou muito mais até um jovem aparecer informando-me que:

- Já conseguimos contactar o seu irmão. Parece que ele estava mesmo a dormir...

Cheesecake

A sobremesa depois do almoço geralmente é uma escolha entre maçãs e laranjas. No entanto, hoje, a vizinha trouxe-nos um pedaço (bem grande) de bolo de morango e outro de cheesecake que ela própria fez. Estavam uma delícia, mas o cheesecake era simplesmente divinal!

- Ai, este cheesecake está mesmo bom!

- Esse quê?

- Cheesecake... É este bolo aqui... - apontei - Chama-se cheesecake.

Perante a expressão interrogativa da Avó percebi que queria que repetisse o nome para ouvir melhor:

- Cheesecake... - e outra vez - Cheesecake... - e outra vez - Cheesecake...

- Como é que é isso em Português?

- É cheesecake... - face à expressão facial dela, rapidamente acrescentei - Não há tradução, é assim que se chama...



Não ficou muito convencida. Não gosta destes nomes estrangeiros que damos às coisas...

sexta-feira, 17 de março de 2017

Loiça Quase Limpa

Regra geral, a televisão aqui nos avós está sempre ligada. No outro dia apanhei um anúncio de detergente de loiça que dizia algo como:

- Está farto de loiça quase limpa?

Imediatamente virei-me para a Avó:

- Olha! Sou eu!!! - e desatei a rir-me!

Aqui em casa dos avós a loiça está sempre quase limpa. Não há um prato, um copo, uma caneca, um talher se quer... Que esteja completamente limpo. Antes de comer o que quer que seja, tenho sempre de re-lavar a loiça, com o único esfregão limpo que têm. Eles teimam em lavar a loiça com um dos dois outros esfregões completamente pretos... O detergente que usam é topo do gama e rapidamente a loiça fica limpinha, se for bem esfregada. Mas como eles não vêem bem, fica sempre alguma comida incrustada.

No início não dizia nada e limitava-me a limpar "o sujo"... Mas a Avó troçava de mim, como se eu tivesse a ver coisas que não existem. Então agora eu falo e reclamo e digo que ela é que não vê bem! Ela ri-se na mesma...

Hoje depois de almoço a Avó desabafou:

- Ai, não me apetece nada lavar a loiça hoje!

Imediatamente aproveitei a deixa, talvez com demasiado entusiasmo:

- EU LAVO!!!!

- Ah, não lavas nada, deixa-te 'tar...

- NÃO! EU LAVO!!! Prefiro ser eu a lavar... - parecia que me estavam a dar um prémio!

Mas depois distraí-me com algo (que nem a Dory) e quando dei por mim, ouvi-a na cozinha a lavar a loiça... Perdi a minha oportunidade de OURO!

Por vezes o que faço, é lavar a loiça quando eles estão a dormir. Assim aumento a probabilidade de ela usar aquela mesma loiça (limpa!) no almoço do dia seguinte.

A avó não gosta que eu me meta a limpar, penso que a faz sentir-se mal. Por isso só o consigo fazer às escondidas...


Até ao presente, ela nunca reparou...

Diabetes

Estava a dar no noticiário uma notícia (lá está!), sobre diabéticos e pré-diabéticos.

- Sou eu! Eu sou pré-diabética! - disse ela com demasiado orgulho para meu gosto!

- Claro! Só bebes gasosas (refrigerantes)!!!

A Avó pensa que Sumol é sumo, que os sumos de pacote não fazem mal e que os Ice Tea são só chá... Além das coca-colas que não fazem mal, porque só bebe "uma vez ou outra".

- Oh, se eu morrer, morro... - diz ela enquanto enche o copo com mais "sumo".

Hoje a Avó foi ao "Lidli" e trouxe os seus "sumos".

Vou Passar À Mónica

Hoje recebeu um telefonema de um primo meu, que é praticamente filho dela. A alegria dela transbordava para fora! Não se conseguia conter!

Por infelicidade minha, tinha acabado de entrar em casa nesse momento e com as "garras" dela tentou pegar-me no braço, puxar-me para ela. Parecia uma águia a encaminhar-se para mim, com as mãos em forma de garras! E eu sentia-me uma galinha indefesa, desesperada em esquivar-me dali!

- É o XYZ! - disse ela com os lábios.

- Está bem, larga-me! Eu mal o conheço! - e fugi o mais depressa possível antes que me fizesse conversar com ele, como os adultos fazem às crianças!

Sempre detestei que a minha mãe me fizesse falar com pessoas ao telefone que eu não conhecia:

- É o teu primo, o teu tio, a não-sei-quantas... - dizia a mãe, ao passar-me o telefone, sempre com o cuidado de tapar o auscultador.
- Mas eu nunca os vi! Não os conheço!
- Mas eles querem-te dar um beijinho! São teus primos, tios, etc...
- Mas eu não os conheço!!!
- A Mónica está com vergonha de falar. Ela manda um beijinho e diz que tem muitas saudades!
- A sério?!

 Era criança, tinham-me ensinado a não falar com desconhecidos! Família ou não, se eu não conhecia, não queria falar! Porquê que os adultos se contradizem tanto?

Quero pensar que cresci e estou melhor... Mas hoje percebi que essa criança vive ainda em mim. As palavras "vou passar à Mónica" me aterrorizam, e eu antevia-as saírem dos lábios da Avó, se eu não desaparecesse do mapa naquele instante!


Carro Fora Da Garagem

Os avós tinham sempre o hábito de meter o carro dentro da garagem e queriam que eu fizesse o mesmo. Mas depois dos primeiros tempos, deixei-me disso. Assim posso sair e entrar sempre que quiser, sem ter nenhum carro a impedir-me. E também posso dormir até mais tarde, sem me preocupar em ir tirar o carro para o avô poder tirar o deles.

A Avó queria assustar-me, dizendo que mo podiam assaltar durante a noite. Eu recusei tal ideia. Sempre o deixei fora e nunca aconteceu nada. Ela teimava, dizendo que não estamos em Évora e que aqui há mais bandidos.

A verdade é que passado uns tempos, também eles passaram a deixar o carro fora. Acabou-se a trabalheira de abrir e fechar o portão e de fazer sinais para o avô não bater no muro ao entrar ou sair.

Parece que passado uns meses a ver que nada me acontecia ao carro, decidiram facilitar a vida deles também.


A melhor parte da história, é que a Avó nunca mais me chateou, por o carro estar fora da garagem!


Vegetais

Todos os dias me pergunta se quero café e eu digo sempre que não.

Hoje decidi explicar melhor:

- Não. Tem de se evitar... O café é ácido.

Como ela ficou a olhar para mim de forma pensativa, continuei:

- O café é ácido. Acidifica o sangue.

- O quê? - pergunta ela, aproximando a cara da minha para ouvir melhor.

- ACIDIFICA o sangue... Torna o sangue mais ácido...

Continuou a olhar para mim por isso continuei:

- É o café, as gorduras, o açúcar...

- Ah eu só ponho pocoxinho açúcar! Só pus duas colheres! - interrompeu ela...

- ... e o pão também!

Ui, o quê que eu fui dizer a uma Alentejana, que come pão (refinado) em todas as refeições!

- Oh! Assim o quê que uma pessoa come?! Nada! Agora uma pessoa não pode comer nada! - diz ela indignada.

- Podes comer peixe, carne (embora também seja ácida) e vegetais! Muitos vegetais!

- Eu já não posso ver os vegetais! Os vegetais... Eh! - disse ela com cara de nojo e saiu para ir fazer os cafés.



Coitada, só perguntou se eu queria café, e saiu dali a ouvir dizer que não se pode comer pão! 

Trump

Conversa depois de almoço:

- Já vou para os EUA para o mês que vem.
- E ele deixa?! Ele, o Maluco...
- O Trump?
- Sim! Ele não deixa as pessoas entrar! Ele anda a proibir os países todos!
- Não Vó... Isso é só para os países árabes!
- Mas nós temos muitos árabes...
- Oh Vó, não temos nada...
- Achas que entras? Não entras...
- Entro, sim! Já me disseram que sim! Já recebi a carta! Só falta a entrevista...
- Ah, não sei não...


Ela não quer acreditar que me vou embora e, contra os filmes que faz na sua cabeça, não há factos nem argumentos.

quarta-feira, 15 de março de 2017

Choveu Lama

Ontem ao final da tarde, enquanto passeava a cadela, reparei que os carros estavam cobertos de pólen. Pensei, para os meus botões, que a Primavera tinha oficialmente chegado.

O nosso passeio foi interrompido por uma chuva leve e assim, recolhemo-nos. Os avós já se tinham trancado em casa há uma hora atrás, com a televisão bem alta.

Esta manhã oiço a Avó pela janela, a falar com o avô (bem alto para ele ouvir). Dizia ela que tinha chovido lama e que os carros estavam todos sujos.

Mais tarde, diz-me ela:

- Olha, choveu lama! Choveu terra, ontem à noite!

Pensei em ficar calada, mas não aguentei e expliquei-lhe a história do pólen.

Ela simplesmente olhou para mim como que dizendo:

- Oh minha burra! Choveu lama! Tens sempre de me contrariar!

A minha resposta como sempre, foi um revirar de olhos e ir-me embora...

terça-feira, 14 de março de 2017

Já acordaste?

Todos os dias, sem falta, sempre que me vê pela primeira vez pergunta:

- Já acordaste?

Não importa o que fiz nessa manhã ou até mesmo nessa tarde. Posso até já ter saído e voltado de casa... Mas sempre que me vê sair do quarto pensa que acabei de acordar!

Ainda no outro dia o avô comentou que eu durmo muito... Lá por estar no quarto, não quer dizer que esteja a dormir! De onde é que ele tirou essa ideia? D'Avó!

Não há um dia que não me faça a pergunta:

- Já acordaste?

Ou então:

- Só acordaste agora?!

 Ontem tive de lutar contra o impulso de responder:

- Não! Estou na rua... A passear a cadela... Sonâmbula!!!


segunda-feira, 13 de março de 2017

Ah, és tu!

A Avó passa-me para as mãos uma pilha de roupa e fica a olhar para o chão, à procura do que teria caído...

- Vó, não caiu nada...

E ela continua a olhar a olhar, inclinando-se para tentar focar melhor o chão...

Devo dizer que estávamos num corredor com pouca luz, e que como ela vinda do exterior, ainda estava encadeada.

Mas ela não acreditou nas minhas palavras e continuou à procura... Por fim, lá diz:

- Ah, és tu! - para a minha cadela (castanha escura) que estava ali aos seus pés.

Brownie a fazer olhinhos

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Rotina antes de sair de casa

A rotina começa uma hora antes, à procura do gato. Uma vez assegurados que o gato não está preso em casa, mas ainda assim deixando uma fresta da janela da casa-de-banho aberta, caso ele queira entrar e sair, dá-se a etapa seguinte. Esta consiste em fechar as portas, janelas, portões e cadeados todos e leva 20min. A próxima etapa é tirar o carro da garagem a qual também leva 20min. É uma etapa que tem vários passos como abrir o portão, entrar no carro, fazer manobras, fechar o portão e entrar no carro novamente... Em seguida, já dentro do carro mas ainda à porta de casa, seguem-se 20min de interrogatório um ao outro sobre se viram o gato e se fecharam a porta X, Y e Z, sobre se trouxeram o telemóvel, as chaves, malas e afins... 


Por fim, arrancam.

Estás Tão Magrinho!

Sempre que o Menino a vem visitar, a Avó diz sempre:

- Estás tão magrinho!!!

E logo trata de encher o neto de comida. Mesmo quando ele estava gordo, ela dizia que estava magrinho...
Uma vez disse-lhe que estava gordo, com um riso carinhoso, o que foi um milagre! Fiquei a pensar se não teríamos entrado num universo paralelo... Mas continuou a enchê-lo de comida ao mesmo tempo que lhe dizia que tinha de perder um "bocadinho" de barriga. E eu do lado, que estava ainda a processar o universo paralelo, pensei: Só um "bocadinho"?! Parece que voltámos ao normal...

Ele perdeu e, agora ela voltou a dizer que está muito magrinho e que perder tanto peso faz mal! Continua a querer enchê-lo de comida, claro, ficando espantada quando este diz que está cheio:

- Mas não comeste quase nada!

Comigo é diferente. Comigo ou não diz nada, ou diz-me para meter a barriga para dentro. Mas enche-me de comida à mesma. Ou tenta. Eu aprendi a dizer não. Ainda se me chamasse de "magrinha" também... Está ali o mano ao lado com uma barriga maior do que a minha, mas ele é "magrinho" e eu tenho de encolher a pança...
Quando recuso comida, parece que eu a estou a ofender... Se ele recusa, é porque está doente...

O que a Avó vê VS Realidade
Dizer não ao álcool ou às drogas não é nada em comparação a dizer não à Avó. Ela finge que não ouve e quase que chega ao ponto de nos enfiar comida pela goela abaixo! Como se passássemos fome na sua ausência!

Uma vez perguntei-lhe... Ela acha mesmo que nós não comemos nada, quando não é ela a fazer... Acha mesmo que se não é ela a meter comida no nosso prato, nós não nos sabemos servir... Acha mesmo que se não é ela a cozinhar, nós não sabemos como...

- Oh Vó, eu vivi estes anos todos sozinha, quem achas que cozinhava? - perguntei-lhe por fim.

- Não sei... - respondeu ela muito pensativa.

Explodi por dentro...

Mas quem é que havia de ser?! 


E desisti da conversa... Vivemos realidades muito diferentes e não forma de a fazer ver a minha.

A Lição do Arroz Doce

- Gostas disto? Eu gosto disto!

Conselho:

Diz que não.
Diz que não ou ela vai enfiar-te no prato para tu comeres. Tu comes e ela mete mais. E não pára até não ter mais... Para a próxima compra o que quer que seja em maior quantidade, e o ciclo repete-se cada vez com maior intensidade! Por isso diz sempre que não. Nunca gostes de nada. Até mesmo chocolates. Ou realmente hás-de passar a detestar chocolates, ao ponto de nem poderes olhar para eles no supermercado. E depois a avó irá dizer:

- Mas tu gostavas tanto!!!

E vai continuar a comprar.

Hoje, o meu irmão não pode ver arroz doce, sem ficar nauseado. No entanto, sempre que ele vem cá ela ainda faz arroz doce. Porque se lembra que ele gostava muito... Ele devorava arroz doce... Então hoje, de todas as vezes, ela ainda se espantada quando ele recusa comer a sobremesa:

- Mas tu gostavas tanto!!!

- Ah, eu já estou cheio...

- Tu?! Cheio?! Mas não comeste quase nada meu filho... Estás tão magrinho!

O Arroz Doce para o Menino de Ouro

O que me remete para a história seguinte...

Sal

Sempre que a Avó cozinha, há algo que se repete:

- Tem pouco sal, queres mais sal? Eu não gosto muito de sal... O sal faz mal, sabes? Não se deve meter muito sal na comida. Eu não meto quase nada, gosto mais assim. Mas as outras pessoas podem gostar de mais sal... Gostas com mais sal? Queres mais sal? A Avó vai buscar ali e metes à tua vontade... Mas não metas muito que faz mal! Tens de mexer bem... Zé, queres mais sal?


Dia de S. Valentim

O dia de S. Valentim estava a aproximar-se e numa das nossas aventuras no shopping, passamos por uma loja de lingerie. Como é óbvio, aproveito a oportunidade para a "picar":

- Qual é que vais usar no dia dos namorados? - pergunto-lhe apontando para a montra.

A Avó começa a rir, aponta e, com um sorriso maroto, responde:

- Aquela mini-saia ali! - voltando a rir-se com a ideia.


Os Velhotes

A Avó tem muita pena dos velhotes:

- Coitadinhos dos velhotes...

Por vezes aponta para aquele velhote ou ri-se das figuras daquela velhota:

- Coitadinha...

Acontece que estes "velhotes" são quase sempre mais novos do que ela.


Sobrancelha e Buço

- Olha lá, estás doente? Estás com uma cor esquisita! - diz uma Avó muito aflita a puxar-me para si, com uns olhos muito abertos, já a imaginar o pior.

- OH VÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓÓ!!!!! Fui fazer a sobrancelha e o buço!!!! Aí a minha vida.......


Será que nunca tenho uma cor saudável?!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Poi!

Sempre que a Avó faz caldo verde e está a cortar as couves, ou simplesmente passa pelas couves no quintal, diz o seguinte:

- Isto faz bem, sabes p'ra quê? P'rós ossos! Não é?

- É... - mesmo que não seja digo que sim, que ela fica contente.

- Poi! - diz ela toda contente e orgulhosa de si!


'Tás Amarela

Isto é algo que se repete frequentemente:

- Estás menstruada? 'Tás amarela!

- Não.

- 'Tás doente?

- Não.

- Mas então que tens, que 'tás amarela?

- Nada!

- 'Tás bem?

- SIM!

Porquê que se repete tantas vezes, não sei... Por vezes penso que pode da luz, da maquilhagem, do cabelo, da falta de sol no Inverno... Ou apenas o reflexo dos medos da Avó nos seus próprios olhos... A verdade é que já não a posso ouvir quando começa com isto... Para a próxima vou dizer que sim e ver o que acontece. 



Mon Chéri*

Estou na cozinha, entretida com o telefone, mas pelo canto do olho vejo a Avó entrar.

Ela vê uma caixa de Mon Chéri* no armário e vai direta a ela, entoando Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon Mon, até conseguir abrir a caixa e meter um chocolate na boca.

Feito isto, vai-se embora.

Eu fico uns segundos a tentar processar a cena e decido voltar ao telefone. Desta vez, contudo, para escrever no bloco de notas, o que tinha acabado de acontecer.


Mosquinhas Com Perninhas

- As mosquinhas com perninhas não desaparecem!

- O que são mosquinhas com perninhas?

- São aquelas pequeninas que tu dizes que viste na sopa, disseste que tinham perninhas.

De repente sei exatamente do que ela está a falar. Nesse dia, como em muitos outros, viu-me meter qualquer coisa de parte no prato...

- O quê que já estás aí a catar?

- É uma mosca!

- Não é nada! Isso é uma couvinha! 

- É uma mosquinha!!

- É um pedacinho de couve!

- Eu vejo melhor que tu, e estou-te a dizer que é uma mosca!

Esta discussão levou uns minutos, onde eu a dada altura digo a tal frase que ela, pelos vistos, nunca mais se esqueceu:

- Não é nada couve! Olha aqui as perninhas!



Sopa Ao Pequeno-Almoço

Acabo de acordar, encho uma caneca com leite e sento-me no sofá. A ideia era disfrutar de uns momentos a sós, mas logo entra a Avó:

- Queres sopinha? Queres bifes? Queres romãs? Queres bolo? Queres café? O quê que tu comes? A Avó não sabe! Uma sopinha...

- Vó! Acabei de acordar! Já tenho o que quero!

- Mas já é uma!


A Vaca Margarida

A Avó fala muito na sua vaca leiteira de estimação, nos seus tempos de infância no Alentejo... Conta sempre o mesmo, mas sempre com o mesmo entusiasmo e risadas!

A Margarida era uma vaca a quem só ela conseguia tirar leite (quando conta esta história, a avó faz os gestos para exemplificar como se faz) e, que a seguia para todo o lado. Era a sua sombra. Bastava ela chamá-la, que lá vinha a vaca a correr ter com ela, de onde quer que estivesse, como se a Avó fosse sua filha. Até a seguia para a escola, conta a Avó às gargalhadas! Quando saía para a escola de manhã, a vaca seguia-a pela vedação, mas se se esquecia do portão da quinta aberto, então a vaca aparecia-lhe mesmo na escola! Diz a Avó que era uma vaca que mais parecia um cão! Costumavam dormir a sesta juntas e tudo, a Avó com a cabeça apoiada no lombo da amiga.

Não sei o que aconteceu à vaca... A história que lhe venderam e que ela repete, é que a vaca Margarida fugiu... Mas eu tenho sérias dúvidas e penso que a Avó também... E penso ainda que é por isso que ela fala tanto na Margarida, estes anos todos depois.




Abelhas São Amigas

A Avó por vezes relata episódios da sua infância no Alentejo, onde os pais tinham uma quinta com animais. Mas eu desconhecia que tinham tido abelhas até ela me contar o seguinte:

- Sabias que as abelhas conhecem as pessoas? Lá na quinta, eu chegava-me ao pé delas, não me picavam. As minhas amigas iam lá eram todas picadas.


Romã

Depois de jantar, a Avó passa-me um prato com romã já preparada e diz-me:

- Tens aí umas pontinhas brancas amargosas, depois tiras!

Então estava eu a catar os pedaços de casca, de cada grãozinho quando me lembrei de um vídeo no YouTube, sobre como descascar uma romã.

Decido mostrá-lo à Avó:

- Ah... Ah, não me digas que só aos 84 anos é que aprendi a descascar uma romã!

Ficou tão contente que nem uma criança e, passámos horas a ver vídeos no Youtube sobre como descascar todo o tipo de fruta.

Tudo por causa de umas pontinhas brancas amargosas numa romã...


Nome Esquisito

- Quando é que o... Quando é que o... Ke... Quando é que o Ke-Kevan... Quando é que o Kevan vem cá?

- Quem?

- Kevan...

- Clovis.

- Quando é que o Clovan vem cá?

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

A Placa

Desde que conheço a Avó que ela se queixa da placa (dentadura para os meros mortais)... Ou está apertada, ou está larga... Geralmente está larga, porque se aperta, ela vai buscar a placa anterior... Sim, ela guarda-as, claro! Nunca se sabe quando pode ser útil...

Então ao almoço ou jantar... Ou sempre que come... Quem está à mesa ouve sempre um som "crunch crunch"...

Estará a comer batatas fritas? Estará a comer cereais? Estará a comer bolachas?

Não...

É só a placa a dançar...


O Perdigoto Voador

Estavamos a fazer uma cama de casal, ela de um lado e eu do outro. Não sei do que falávamos, mas a data altura há um perdigoto que salta da boca d'Avó, atravessa a cama de casal e aterra no meu lábio inferior! Ainda o sinto passado meses desde esse dia...

Se têm lido o que escrevo, podem imaginar a minha reação...

- Ewwwwwww!!!!! Vó!!!! Que nojo!!!

Seguindo-se algo como:

- Mas como é que é possível?!?!?! Temos uma cama a separar-nos!!! E com tanto sítio para aterrar tinha de ser logo na minha boca?!

A avó só se ria...

Eu já mantenho por norma uma certa distância de segurança, pensei que uma cama de casal entre as duas era mais do que suficiente... Mas se calhar preciso de manter duas marcas de segurança entre as duas, como nas autoestradas... Sim duas, porque uma é perigo!



Ah, mas a culpa é da placa que está larga... O que me leva à história seguinte...

Quando o Neto Preferido Vem Visitar

É impressionante como a Avó se transforma quando o neto preferido os vem visitar.

Arranja o cabelo, mete blush, veste uma roupa bonita e grita para o avô apertar a camisa (que ela escolheu) e meter as costas direitas!

Especados à porta, direitinhos, bonitinhos e cheirosos, assim que o neto chega, ela acrescenta um sorriso de orelha a orelha!

Se se espera que o neto fique para almoçar, então a mesa estará arranjadinha, com loiça bonitinha e paninhos (individuais) limpinhos...

Se eu não soubesse já que essa é a reação quando recebem o meu irmão, poderia pensar que vinha aí o Sr. Presidente ou, quem sabe, um Rei.

Pensando bem, para eles assim é...




Palavras Cruzadas

As palavras cruzadas são o vício d'Avó.

Ela é capaz de passar horas seguidas a fazê-las e o avô não gosta nada disso... Mas ela não liga!

Diz que faz bem ao cérebro e fica muito contente quando consegue acabar um desses puzzles de palavras. Chega a ficar mesmo orgulhosa com a sua rapidez!

Realmente faz bem ao cérebro, mas neste caso é mais pelo exercício de criatividade que a Avó desenvolve... Quando não sabe a palavra, acaba por inventá-la... Di-la em voz alta e, se soar bem e couber nos espaços, é porque é assim mesmo...

Há uns anos, eu interrompia-a sempre que ouvia uma suposta palavra que não existe... Ela por sua vez insistia que era assim... E então ficávamos as duas a discutir as palavras cruzadas...

Agora deixo-a ser feliz e pronto.



segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Ir ao Dentista com Menstruação

Num momento de fraqueza, desabafei com a avó, dizendo que já não me bastava a dor de dentes, estava agora também com dores de período... Que o melhor era ir já ao dentista, que os comprimidos não davam para as duas coisas!

De repente fica muito chocada e assustada, lembrando o emoji "😱":
- Ah, não podes! Com o período, não podes ir ao dentista!


A minha cara deve ter expressado algo, porque mesmo antes de eu ter tempo de pensar no que dizer, ela muda novamente de expressão. Uma expressão de dúvida:
- Quer dizer... Acho que não se deve... Não sei...

Pão Chapata com Cereais

Certo fim-de-semana apareço na avó com um pão diferente... O rótulo dizia "Pão chapata com cereais" e vinha com seis pequenos pães que tinham este aspeto:


Quando a avó os tira do saco, começa a tentar ver por cima dos óculos e pergunta:

- O que é isto? Tem bolor?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Garagem

A garagem d'Avó é um pequeno armazém, onde o stock cresce mas não é renovado. Lá dentro encontras de tudo, como na mala da Mary Poppins e, viajas no tempo... 

Tudo o que a avó não gosta, ou não usa (por diversas razões) acaba por ir parar lá dentro. Isso inclui presentes (ler Especial de Natal 2016 em http://sabedoriadavo.blogspot.pt/2016/12/especial-de-natal-2016.html). E inclui também aquilo que ela não é capaz de deitar fora, porque "pode dar jeito". Ou seja... TUDO!

Uma das bonecas encontradas no armazém, à espera de cabelo novo. Depois irá para presente.

Cabelo

Na continuação de um longo e doloroso (para mim) processo de dessensibilização d'Avó (ler Sujo Na Perna em http://sabedoriadavo.blogspot.pt/2016/12/sujo-na-perna.html), eis que lhe apareço à frente com um cabelo diferente. A cor escolhida foi o prateado, mas acabou por ficar mais loiro do que cinza... Ainda assim, bastante claro e para começar pareceu-me bem. Além disso, cortei os meus longos e belos cabelos, ao nível do pescoço! Mudança radical! Já andava há dias ansiosa para ver a reação dela!



No entanto, qual não é a minha desilusão quando ela nem repara!!! Apenas no dia seguinte comenta:

- Estás mais branca! Estás doente??

- Não, Vó...

- Estás pintada?

- Sim...

- Ah! Então é isso!

E pronto, culpou a maquilhagem ...


Não lhe disse nada e duas semanas depois, pergunta-me:

- O teu cabelo está mais claro? Pintaste de loiro? - num tom que dizia não ter a certeza de estar a ver bem...

Oh que desilusão!!! Outra vez...